Se você vem nos acompanhando, no mês passado, analisamos os livros didáticos e a maneira como esses tem convencido, professor e aluno, de que o modelo de evolução parece ser o único a explicar as origens da vida na Terra.
Nesse mês, vamos aprofundar esse tema e tentar, no espaço que temos, ampliar essas considerações.
Existe um método que todo livro didático de ensino de biologia aplica quando se refere à ciência. Eles possuem um capítulo destinado à explanação do método científico e, em seguida, definem ciência como toda descoberta científica que segue um método detalhado e com um conjunto de experimentações (experiências) que possam confirmá-la. O contrário também aparece.
Mas o conceito de ciência como expressão do método científico é uma franca demonstração positivista e está totalmente ultrapassada, devendo ser revista urgentemente como fundamentação dos livros didáticos de Biologia. Cremos que a mente adolescente fica prejudicada por ter somente uma visão positivista da ciência, em detrimento dos maiores questionamentos a que vem sendo submetida e discutida essa tal ciência que tanto se pronuncia. Feyerabend (1977 apud BORGES, 1996, p.65), assevera que “qualquer método que estimule a uniformidade leva ao conformismo e deteriora o raciocínio. Só a pluralidade de idéias pode levar ao progresso”. É em nome dessa pluralidade que devemos explicitar as variadas formas de pensamento a respeito da origem da vida, valorizando o conflito de idéias, aceitando opiniões e demonstrações das pessoas que, em última instância são o objetivo do processo educacional, conforme preconiza os PCN’s.
Tratada desta forma, esta análise a respeito da origem da vida já torna a mente jovem condicionada a crer na veracidade e validade do método no qual está inserida a ciência, numa franca oposição ao que dita a LDB.
O tema da origem da vida tem levantado acalorados debates a respeito da formação da Terra e da própria humanidade, fazendo muitas pessoas entrarem em choque. Evolucionistas são tratados como cientistas enquanto que criacionistas são estúpidos.
Do modo como são escritos os livros didáticos de Biologia a ciência é fundamentada e possui seus alicerces na capacidade de experimentação, ou seja, naquilo que pode ser confirmado através de uma experiência. Mas o que se percebe logo, na leitura mais atenta de qualquer artigo ou programa de TV, é que não há como obter provas, e muito menos fazer qualquer tipo de experimentação sobre nossa origem, pois estas estão perdidas no tempo histórico e não podem mais sofrer a análise da ciência.
Nesse sentido, quando argumentamos sobre a origem da vida não é correto dizer teoria, ou prova científica. É mais coerente dizer MODELO e EVIDÊNCIA. Desta forma, o mais correto e ético a fazer é escolher um modelo com base em suas evidências. O modelo que apresentar o maior número de evidências deverá ser o ideal. Os livros didáticos, como já mencionamos, formam a mente jovem de tal maneira que a única ciência que lhe será descrita é a positivista e o único modelo com respeito a origem, o evolucionista.
De modo geral existem quatro correntes que advogam deter a resposta com respeito a origem da vida. Elas são mostradas na Tabela 1.
Todos esses modelos advogam para si o direito de constituir-se a fonte de respostas as indagações sobre nossa origem. Após nossa análise, percebemos que cada um possui sim, elementos e evidências que avalizam sua forma de constituir ciência. Stephen Hawking (Apud BARBOUR, 2000, p.65) diz que As probabilidades contra um universo como o nosso ter surgido de algo como o Big Bang são enormes. Acho que existem envolvimentos nitidamente religiosos. Ampliando ainda essa discussão, continua (HAWKING, 1998, p.63) Seria difícil explicar por que o universo teria começado desta exata maneira, a não ser como o ato de um Deus que quisesse criar seres como nós. Outro acréscimo a essa maneira de pensar vem de Arno Penzias (BROWNE, 1978, p. 26), ganhador do Nobel por suas descobertas sobre a radiação cósmica de microondas em segundo plano, o que possibilitou a ampliação e o respaldo necessário ao entendimento do Big Bang, afirma: Os melhores dados que temos são exatamente aqueles que eu havia previsto, e eu não tinha com o que prosseguir a não ser os cinco livros de Moisés, os Salmos, a Bíblia como um todo.
Diante desse panorama, acredito que fica clara a importância de se discutir o papel, a qualidade e a seleção dos livros didáticos numa unidade escolar. Um planejamento efetivo, feito por profissionais da área devidamente formados, inteirados e comprometidos com o desenvolvimento de sua comunidade, trará os benefícios necessários à formação do cidadão. Cidadão esse, tão necessário aos dias de hoje, diferente do aluno que é tratado como "(...) alguém subalterno, tendente a ignorante, que comparece para escutar, tomar nota, engolir ensinamentos, fazer provas e passar de ano" (DEMO, 1997, p.15).
Se um ou outro modelo a respeito da origem da vida é mais ou suficientemente correto não é nosso intento provar ou demonstrar. Nosso questionamento envolve o fato de que não se pode apresentar prova empírica sobre nenhum deles, e que portanto, todos sejam apresentados nos livros didáticos, respeitando o que preconizam as leis que definem a produção da literatura didática em nosso país.
Mas uma discussão precisa ser levada a efeito. VOCÊ pai e mãe zelosos do conhecimento que seu filho está armazenando, o que tem feito para ajudá-lo a não abandonar a Igreja? Tem feito sua parte em escolher uma escola de qualidade para seu filho(a)? Tem se interessado pelos debates, livros e materiais que ele vem utilizando na escola?
Muitos de nossos jovens tem abandonado as fileiras da Igreja por estarem em constante conflito. Isso tem de acabar.
Para que você tenha uma idéia de como essa briga é desleal, no dia 13 de dezembro de 1998, o caderno “mais!” da Folha de São Paulo trouxe na capa o título “extremos da evolução”. Nos artigos, foram abordadas as divergências entre expoentes evolucionistas como Richard Dawkins e Stephen Jay Gold. Apesar das discordâncias, o comentário de John Smith, um dos papas da Biologia moderna, é conclusivo:
“Por causa da excelência de seus ensaios, [Gould] tornou-se conhecido entre os não-biólogos como o mais destacado teórico da evolução...”
“Em contraste, os biólogos evolucionistas com quem discuti seu trabalho tendem a vê-lo como um homem cujas idéias são tão confusas que quase não vale a pena ocupar-se delas, mas alguém que não se deve criticar em público por ao menos estar do nosso lado contra os criacionistas”. Perceba, para os evolucionistas, um idiota, mas permissível pois pelo menos nos ataca, os criacionistas.
São esses os autores ocultos dos livros que seus filhos utilizam. É essa a formação que pretende para suas crianças?
Referências Bibliográficas:
BARBOUR, Ian G. When Science Meets Religion. New York: HarperCollins, 2000.
BORGES, Regina. Em debate: cientificidade e educação em Ciências. Porto Alegre: SEC/SECIRS, 1996.
BROWNIE, M. Clues to the Universe’s Origin Expected. New York Times, 12 March 1978.
DEMO, Pedro. “O desafio de educar pela pesquisa na educação básica”. In: Educar pela pesquisa. 2ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
HAWKING, Stephen W. A Brief History of Time. New York: Bantam Press, 1998.
BARBOUR, Ian G. When Science Meets Religion. New York: HarperCollins, 2000.
BORGES, Regina. Em debate: cientificidade e educação em Ciências. Porto Alegre: SEC/SECIRS, 1996.
BROWNIE, M. Clues to the Universe’s Origin Expected. New York Times, 12 March 1978.
DEMO, Pedro. “O desafio de educar pela pesquisa na educação básica”. In: Educar pela pesquisa. 2ª ed. Campinas, SP: Autores Associados, 1997.
HAWKING, Stephen W. A Brief History of Time. New York: Bantam Press, 1998.